26.7.12

abrigo


O telhado da casa "abriga" - desde sempre - ninhos de pardais: quem ocupar a torre (sótão) ouvi-los-á dia e noite.
É frequente encontrarmos nas escadas ou varanda aves bébés caídas do ninho, já sem vida.


Num final de manhã em que regressava dos ateliês «Voos Encantados» vi um pequenote
e enquanto pensava "mais um aventureiro que não resistiu" peguei-lhe para o colocar nas ervas. Foi quando percebi que levemente se movia, respirava, (sobre)vivia.

O que fazer?
Os ninhos não são visíveis nem acessíveis...
Na casa estou de passagem, não posso adoptá-lo...
No quintal é alvo fácil a predadores...

Sento-me.
Sinto-o.
Olho-o.
Admiro-o.
Pequena e ofegante vida, na minha mão (impotente).
Procuro a câmara, fotografo, registo-o.
Admiro-o.
Sinto-o.

Decido improvisar um ninho juntando folhas secas numa pia de pedra, à sombra das escadas. Olho, vigio.

Pouco convicta - apesar do empenho no melhor que me ocorrerra - entro em casa.

Mais tarde volto.
As folhas estão mexidas. O ninho está desabitado. Não encontro pistas próximas.
Presumo o que tenha acontecido mas ficarei sempre sem certeza.

Apenas fotografia.
Instante de vida, no "abrigo" da mão.