..que sou de um tempo em que costurávamos roupas para as bonecas, com a ajuda preciosa de Avó ou Mãe!!
..que no meu tempo de escola preparatória tínhamos umas disciplinas de Texteis e Trabalhos Manuais.
..
Ainda bem! Porque agora posso arriscar uns artefactos para as minhas amigas pequenitas, para as minhas sobrinhas (pequenitas ou não), e quem sabe para outras minhas "bonecas" ;)
Esta não é uma fotografia sob efeito 'photoshop'. É um dos contrastes de cores mais fascinantes que consegui registar, há quatro anos atrás, aquando da minha visita a Moçambique! Percorríamos a Estrada Nacional 1 - sentido sul norte com destino a Maxixe - e aqui atravessámos uma ponte sobre rio/mar, a alguns quilómetros de Inharrime.
Deixo-vos também um excerto do meu diário desses dois meses inesquecíveis...
«
...
À medida que nos afastamos de Maputo sentimos a terra África: as cores, os cheiros, as árvores, a terra, as palhotas.
Sempre, sempre, a presença das pessoas que caminham longas distâncias pela terra que ladeia a estrada.
Nesta, a passagem dos chapas e machimbombos é rápida!!
Atravessamos longas plantações de cana-de-açúcar, a zona de vale de rios, os cajueiros permanentes, mangueiras, papaieiras, coqueiros, planta de mandioca, massalas (nas suas árvores despidas)... tantas cores e árvores de sombra.
As palhotas ‘acompanham’ toda a viagem.
Na província de Maputo são circulares mas pouco a pouco assumem configuração rectangular: entrançados de caniço ou folha de palmeira (paredes) cobertos de colmo numa camada, ou três a quatro sobrepostas. Não têm janelas, são apenas para dormir.
Toda a vida é vivida na rua, à sombra das árvores grandes de braços abertos e estendidos. Receber visitas, cozinhar, comer, conviver, estudar, tratar a roupa, mimicar, fazer salão, conversar… tudo na rua.
Agosto já segue a galope como cavalo selvagem! Julho é passado mas deixou marcas: pinceladas de tinta descobrindo figuras...
Entre outras tarefas profissionais foi sobretudo um mês de pintura. Umas descomprometidas, outras temáticas - a pedido - e ainda experiências colectivas completamente novas para mim. Falo de uma tertúlia de pintura nocturna sob luz inactínia. Aquela luz vermelha dos estúdios de fotografia que deixa tudo em escala de cinzentos. Exactamente: quer isso dizer que não sabemos que cores usámos e só descobriremos o efeito - sob luz natural - na exposição de inauguração. O mote lançado aos participantes foi sobre o futuro enquadramento das pinturas em salas de espera de hospitais, centros de saúde, e outros serviços públicos.
Não se assustem se se cruzarem com alguma delas! Sejam 'meigos' nas críticas. A iniciativa é digna.
... A propósito de uma das pinturas temáticas que me pediram, apresento-vos aqui «Gabriel de Santa Maria». Para um bébé ainda não nascido mas certamente já muito amado... Voltei a técnicas mais clássicas e gostei do reencontro.
Gabriel de Santa Maria, Jul 09
...
Volto em breve para reportar a actividade que planeei para o final desta tarde. Talvez a repita noutros dias...