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Soube há momentos que a Lena morreu. Morreu há já três dias. Num hospital, numa cama sozinha, provavelmente abandonada…
E eu nem sei o que pensar, ou sentir. É estranho.
A Lena. Nem sei o seu apelido.
Tudo o que sei são lágrimas choradas, momentos de dor que ela connosco partilhou. Por vezes o entusiasmo de querer mudar, noutras o desespero de se entregar, de se render.
Eu estou melhor não estou? As pessoas dizem-me que estou com outra cara!
Sim estava. Tinha um brilho e um sorriso nos olhos…
Lembro as lágrimas, e não esquecerei as palavras…
É só mais um dia igual aos outros… vou estar sozinha… vou passar o dia a dormir… não tenho ninguém.
Um feliz Natal para a tua família e para ti…
Lembro (penso) o sofrimento, a dor, o frio, a fome, a solidão.
Lembro as últimas palavras que me disse…
Não te estou a mentir!, eu não posso mentir a ti e às tuas amigas.
Espero também não 'mentir'.
Acreditar que haverá sempre um lugar para ti, que a tua vida não morreu, a tua existência continuará, onde e como quer que seja.
'Lena'
[ Lisboa, 2001 ]
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Esperança
De brilho e sorrisos renascendo em todos os olhares!
Esperança, irmão,
que alguém seja abraço de Natal para ti,
onde quer que...